AVALIAÇAO MULTIMODAL DE IMAGEM COM ENFASE NA ANGIOGRAFIA COM INDOCIANINA VERDE NA UVEITE SIFILITICA
Caracterizar sistematicamente as alterações fundoscópicas associadas à uveíte sifilítica através da avaliação multimodal de imagem (AMI) com ênfase na angiografia com indocianina verde (ICG).
Foi realizado um estudo prospectivo intervencional não-comparativo de pacientes com diagnóstico de uveíte sifilítica, internados para tratamento no Hospital São Geraldo HC/UFMG entre 2018 e 2019, abrangendo 24 pacientes. Também foram incluídos 8 pacientes internados entre 2015 e 2017 que preenchiam os critérios do estudo. Totalizaram-se na análise 62 olhos de 32 pacientes. Além da ICG, os pacientes foram submetidos à autofluorescência (FAF), à angiografia fluoresceínica (AGF) e à tomografia de coerência óptica espectral (SD-OCT) quando da admissão hospitalar, da alta hospitalar e no retorno. Também foram analisados dados demográficos, laboratoriais, clínicos e do exame oftalmológico.
A idade dos pacientes variou de 19 a 68 anos, com média/mediana de 43 e 45 anos. A AMI se mostrou superior na identificação da lateralidade da uveíte sifilítica, revelando alterações subclínicas em 5 olhos de 5 pacientes. No estudo da localização anatômica da inflamação intraocular, detectou envolvimento posterior não reconhecido em 11 olhos, melhorando a precisão da classificação anatômica da uveíte em 19% (11/57). Quanto à caracterização por meio da AMI, à ICG foram detectadas hipocianescências geográficas em 47% (27/58) dos olhos, dark dots em 72% (33/46) dos olhos e identificou-se uma forma de hipocianescência, a pontilhada (punctata), em 93% (52/56) dos olhos. Na AGF, a hiperfluorescência placoide foi identificada em 30%(16/54) dos olhos/ 42%(13/31) dos pacientes e uma forma com distribuição pontilhada da fluoresceína (referida como puntiforme) encontrada em 33%(18/54) dos olhos/ 45%(14/31) dos pacientes. À OCT, interrupções da membrana limitante externa da retina foram preditivas de pior acuidade visual à admissão e ao final do tratamento.
A AMI foi superior ao exame oftalmológico para detecção/localização da inflamação intraocular associada à uveíte sifilítica. Hipocianescências coroideanas consistentes com infiltrações inflamatórias foram as alterações mais prevalentes reveladas à AMI. Interrupções na MLE à SD-OCT foram preditivas de inflamações intraoculares mais graves antes e depois da terapia.
Sífilis ocular, uveíte, coriorretinite, avaliação multimodal de imagem, angiografia com indocianina verde, tomografia de coerência óptica
Uveítes
SARAH PEREIRA DE FREITAS CENACHI, VICTÓRIO VINCIGUERRA NETO, DANUZA OLIVEIRA MACHADO AZEVEDO, WESLEY RIBEIRO CAMPOS, DANIEL VÍTOR VASCONCELOS-SANTOS